Deu nove da noite
E eu já vesti minha peita
Vou marcar uns mano
Na entrada do Maletta
Entro no balaio
Cumprimento a condução
Quatro e cinco não tá dando
Hoje vai ter que ser pulão
Olho pra cima
Mando um salve pros dedo sujo
Cuidado Homem-Aranha
Que os polícia tão no abuso
Que semana longa
E ainda é segunda
A mão invisível do mercado
Tá apertando a minha bunda
E na parede do enquadro
Já to passando é vergonha
Tira a mão ô seu polícia
Que aí eu não guardo maconha
Todo dia é assim
Sinto um vazio, não sei vocês
O dia mal começou
E eu já fui derrotado umas seis vez
Vou me divertir
Por que a vida só me fode
A banda é dos meus amigos
E a noite é de mosh
Chega uns menorzin
Aplica um kunk
Que hoje é dia de punk
Mais tarde vou arrastar pro baile funk
Nas ruas de asfalto
Sinto meu talento nato
Retrato que de fato
Virei Midas no meu tato
De imediato
Eu cheguei no ponto exato
E é tão alto
Que hoje cês respeita o quinto rato
O mundo tá virado
Eu vejo tudo de outra ótica
Construção, destruição
Numa cidade caótica
O ponteiro vai girando
Em BH na madrugada
O movimento infinito
Dinamiza as calçadas
Persistência da memória
Num sentido natural
Sou o Salvador Dalí
Mostrando um flow surreal
Percebo o triste fim
Em cada presidente eleito
Pra não ser um personagem
Como os de Lima Barreto
Só autoestima e otimismo
Como ponto forte
Agora entendo Belchior
Em Sujeito de Sorte
O capital é um assalto
O Estado é um assalto
O sistema é um assalto
E eu grito "mãos ao alto! "
Tantas almas perdidas
Quem é que vai me salvar
Essa hóstia envenenada
Alterou meu paladar
Desigualdade e fome
Você já sabe o final
Os lampião urbano
Banditismo social
Mais um maço ao mormaço
Mais um passo ao espaço
Mas sem espaço pro fracasso
E quem somos nesse espaço
O próximo do beck na roda
Que só se alucinado acorda
Envolto da teoria das cordas
Onde o biopoder garante o poder ter
Mas não permite nem saber nem querer ser
Somente o falso lazer
Que nos cega de poder
Ser ou não ser não faz sentido
Com uma casa pra erguer
Sabotando o Estado
Buscando mentes mais racionais
Onde a poesia nasce
E o Rap aqui jaz
Por que não é só morto
Que se deseja estar em paz
Por que não é só morto
Que se deseja estar em paz